Eles venceram, mas tinham tudo para dar errado
Publicado: 17/03/2010 por Kakao em Atualidades, Psicologia & Comportamento
Tags:obstáculos, sucesso, superar barreiras
A saga de dois empresários brasileiros que nasceram pobres
:: Por Inácia Soares ::
Todo mundo gosta de ouvir histórias de sucesso. Conhecer a trajetória
de pessoas que começaram do nada e construíram grande patrimônio é
sempre empolgante. Neste artigo eu resolvi satisfazer o desejo dos meus
leitores, mas de uma forma diferente. No lugar de contar a histórias
quase inacreditáveis, resolvi falar de empreendedores que, mesmo
bem-sucedidos, podem passar por pessoas anônimas.
Todo empresário de sucesso diz que venceu na vida porque foi
determinado. Ou seja, não é ter a melhor idéia que conta mais, mas
insistir nela. Eu mesma conheço muitas pessoas que, sentadas em uma mesa
de bar têm sugestões maravilhosas sobre todos os assuntos, mas que
ficam somente nisso. Da idéia à realização existe uma grande distância e
por isso tanta gente desiste no caminho. Não é fácil realizar uma
grande idéia, ainda que ela seja mesmo muito boa. O processo de execução
exige cuidados e correções que costumam levar embora o entusiasmo
inicial, mas não foi o que aconteceu com Wilson Fernandes Silva e
Aguinaldo Alves Ribeiro, meus personagens.
Um carrinho de Pipoca
Wilson
Fernandes da Silva nasceu em família humilde, em cidade pequena e tinha
tudo para repetir esse legado, mas surpreendeu a família e a cidade. Na
infância, via a mãe fazendo milagres para alimentar os 11 filhos. Órfão
de pai desde bebê, ele ignorou tudo isso e construiu seu futuro. Dos
estudos, só levou o diploma da quarta série, e com ele nas mãos, se
atirou ao trabalho. De manhã, vendia jornais, e faturava bem, de tão
simpático e ligeiro. Guardava a comissão no bolso e ia para a feira
comprar laranjas. Na parte da tarde, andava pelas ruas vendendo as
frutas. Mais dinheiro para a caixinha. E assim, Wilson Fernandes ia
cuidando da mãe doente. Depois, vieram os 11 filhos do casamento que já
dura 52 anos. Uma vida sofrida, e igual a tantas outras, mas diferente
na determinação. “Sou muito feliz e realizado. Parece que tenho uma
proteção divina. Deus me protege mesmo”, comenta sorrindo, e lembra
quando foi eletricista de uma mina e levou um choque. Ficou quatro dias
em coma e só não morreu porque Deus não quis, garante ele. Do episódio,
resta o braço direito atrofiado.
Mesmo aposentado por invalidez, não parou de trabalhar e ainda fez
mais do que a maioria das pessoas saudáveis, que somente sonha. Ele
levou os 11 filhos até a faculdade e garantiu um imóvel para cada um.
Todos moram na cidade de Nova Lima, a 20 quilômetros de Belo Horizonte.
Quando se junta aos filhos e aos 20 netos, todos saudáveis, o vovô de 74
anos fica com os olhos cheios de lágrimas, principalmente, por saber
que a missão foi cumprida no comando de um carrinho de pipoca. Somente
um e não uma frota. Esse foi o ganha-pão do Tio Wilson, apelido
carinhoso que ganhou na cidade. Trabalhando sete dias por semana, o
pipoqueiro mais famoso das redondezas conquistou clientela fiel e
exigente. Qual a receita da pipoca? Milho bem catado, óleo de soja, uma
pitada de sal e simpatia. E nas finanças, a receita é poupar. “Eu sempre
guardei 10% de tudo o que eu ganhei”, assegura. Eis a história do homem
que garantiu a educação de 11 filhos e casa própria para todos apenas
vendendo pipoca. E você ainda acha que é preciso ter uma grande empresa
para ter um grande sucesso?